Direção: Terence Young. Roteiro: Terence Young, Johanna Harwood, Berkely Mather. Montagem: Peter R. Hunt. Direção de Fotografia: Ted Moore. Música: Monty Norman.
Tudo começou aqui. A aura de um personagem como Bond, de fato, nasce na literatura de Ian Fleming, mas foi pelas lentes de Terence Young que ele se materializou em imagem e som, de fato.
O mais curioso é o exercÃcio de construção canônica que vemos no desenvolvimento de um filme como esse. A concepção sonora, os arquétipos dos antagonistas e aliados - Felix Leiter já era introduzido nesse longa! Tudo remete a uma tradição que felizmente atravessa toda uma geração de 1962 a 2021.
O imaginário de Bond vai além das narrativas de detetive ou espionagem. É sobre o cinema como uma máquina de projeção de estórias inter-temporais. É sobre isso que "Dr. No" nos dá conta, inicialmente.
E o que mais chama atenção aqui é o caráter da narrativa de origem mesmo. Mas não apenas no campo da introdução do personagem tÃtulo, mas na ideação do estabelecimento de uma atmosfera que somaria à prerrogativa da literatura uma nova frente de se pensar o universo desse personagem.
Claro que não se trata aqui de colocar a obra de Broccoli e Saltzman na mesma esfera de tanto outros projetos sessentistas que vão da Nouvelle Vague ao Neo realismo Italiano passando pelo Cinema Novo e o Novo Cinema Chinês. Mas talvez de entender que a natureza de Bond esteja nesse meio termo, entre uma certa estilização e um despojamento comercial.
Passos esses que foram cada vez mais sedimentando ao passar dos anos, como atestamos. E que desaguaram em diferentes linhas estéticas e conceituais adotadas pela franquia como um todo. Entre quebras de padrões estabelecidos e testagens de novas fórmulas, as obras foram encontrando suas equivalências no tempo dos quais elas foram fruto direto, foi assim com Dr. No e cada um dos 27 filmes da série nos últimos 50 anos.
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