Direção: Terence Young. Roteiro: Richard Maibaum. Montagem: Peter R. Hunt. Direção de Fotografia: Ted Moore. Música: John Barry.
É bem interessante como esse filme atualiza e expande o universo de Bond no cinema. É uma obra que leva muito da forma de Dr. No (1962) mas que ao mesmo tempo lança mão de propostas alternativas na condução da narrativa do que seria esse filme de espionagem sessentista.
A United Arstist estava realmente disposta a construir um longa metragem sólido. Ele é entretenimento dentro de um escopo do cinema de gênero, mas que ainda sim tem na sua base uma cinematografia pautada na linguagem, acima de tudo.
De fato, impressiona o modo como o longa se divide tão consistentemente em atos muito bem definidos. Em todo o primeiro ato quase não vemos Bond (Sean Connery). O protagonista só aparece aos 18 minutos de filme. O foco desse segmento recai na apresentação do que seria a Spectro. Vemos Blofeld pela primeira vez! Quer dizer, não o vemos, mas intuimos que aquela persona está ali por meio da grande poltrona, da voz, das mãos e do gatinho branco.
Entendemos que a dramaturgia é o que conduz o roteiro da obra. Ela não tem pressa no seu desenrolar. Assim como os personagens também não têm pressa no desenvolvimento das suas ações. Há muita diplomacia aqui. Nem tudo é pancadaria.
E quando ela ocorre, vem na resposta de uma das mais marcantes sequências de luta de toda a franquia. A cena do confronto entre Bond e Robert Shaw, o troglodita russo da Spectro no vagão de um trem em movimento, é memorável. É dela, à propósito, que surgem, por exemplo, embates como os de Bond e Jaws em O Espião que Me Amava (1977) e Bond e Mrs. Hinx em Spectre (2015).
À Terrence Young devemos mais um grande filme. E se aqui Bond já nos aparece contemporâneo, é devido ao olhar do diretor. O longa é um brilhante ponto sem volta na trajetória do herói no nosso imaginário. E se hoje ele resiste após 50 anos, "Da Rússia com Amor", tem uma parcela imensa nisso.
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