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007 - Quantum of Solace (2008)

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 20 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

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Direção: Marc Foster. Roteiro: Ian Fleming, Neal Purvis, Robert Wade, Paul Haggis. Montagem: Matt Chesse, Richard Pearson. Direção de Fotografia: Josh Bleibtreu, Roberto Schaefer. Produção: Barbara Broccoli. Direção de Arte: Paul Inglis. Música: David Arnold.


Não é um filme de consensos. O que é ótimo, porque, dentro da quadrilogia protagonizada por Craig, a obra carrega essa marca de dissenso que a coloca em um outro lugar quando lançada em perspectiva aos demais trabalhos dessa era. O que não significa necessariamente que ela seja menos potente que os outros títulos. Na verdade, ele é, mas essa não é a questão.


Mais vale considerarmos o seu caráter de completude de possíveis pontas dessamarradas de Casino Royale, por exemplo. E dai por que ele funciona bem enquanto filme de sequência direta. Uma vez que, como poucas vezes, vimos, temos aqui uma noção sequenciada das partes que contam a origem do personagem. Como figura título, isso que importa.


Ainda assim, quando falamos dessa natureza sequenciada da narrativa, não implica dizer que cada elemento contido na estória só opera para esse tipo de condução hiperconectada. São apenas fios temáticos que ligam os dois longas, afinal.


Tomado isoladamente, por outro lado, ele também tem sua base de validade, ainda que tanto o alicerce dramatúrgico quanto da estilização fílmica sejam bem mais frágeis que "Casino" (2006) ou Skyfall (2012), por exemplo. Por outro lado, o jogo referencial pode ser lido como uma vertente que legitima em muito o filme como um todo.


Gosto como Foster faz uso dessas citações de obras anteriores sem necessariamente soar gratuito. Todo os momentos em que isso ocorre opera dentro de uma dinâmica muito orgânica deste longa em si. A sequência da ópera é bem ilustrativo disso. Tomada como um segmento por si, ela funciona porque remete a questões com as quais Bond lida naquele contexto específico.


Ele está na busca pelos homens que compõem a Spectre, mas ao mesmo tempo há um arco referencial que nos leva de volta diretamente à 007 - Viva e Deixe Morrer (1972). O protagonista tenta arrancar uma informação de um oponente. Ambos estão no topo de um prédio. O antagonista se nega a dizer algo, escorrega e tenta se apoiar na gravata de Bond. Com um só movimento, o adversário cai do alto da estrutura.


A mesma cena conecta os filmes de épocas distintas. Mais que isso, ela revela que, quando utilizadas referencialmente, ultrapassam a mera ideia da replicação generalista a partir de modelos puramente nostálgicos.


Um péssimo exemplo disso são os usos feitos pela trilogia Star Wars (2015-2019) de J.J. Abrams. Esse retorno ao passado, além de não trazer nada de novo (porque só olha para trás de modo anacrônico) ainda está revestido por uma esfera politicamente correta e preguiçosa.


Aqui, ao contrário, Foster parte sempre de uma gramática prévia, mas que em nenhum momento soa negligente com o espectador. O fato de ele ser um filme bem direto, objetivo e econômico atestam tudo isso muito claramente.


Juntos, o prólogo e a sequência de abertura em Siena são das melhores coisas feitas em termos de construção calcada unicamente na ação. Além do fato de estarem totalmente alinhadas com todas as demais aberturas da quadrilogia de Craig. De Casino Royale (2006) a Spectre (2015).


Ainda assim talvez seja um filme mal interpretado em função dessa sua natureza mais diminuta, porém não diminutiva. Mais uma vez: Foster entende os códigos do herói em jogo e tenta agencia-los de modo a não soar simplesmente repetitivo. Ele se importa com a noção de desdobramento, por exemplo.


Outro ponto que distingue bastante o filme e exemplifica a preocupação da direção em dar segmento a essa investigação dos meandros da psique de Bond. Ainda que a gente não consiga acessa - lá de dentro, mas que claramente consegues observar no modo como o personagem vai amadurecendo a medida que os filmes se sucedem. E Quantum foi uma importante parte disso. E por isso ele se torna essencial dentro da série.

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