A Primeira Profecia: tudo por um mal maior
- danielsa510

- 6 de jun. de 2024
- 2 min de leitura

Direção: Arkasha Stevenson. Roteiro: Ben Jacoby, Tim Smith, Keith Thomas, Arkasha Stevenson, David Seltzer. Montagem: Bob Murawski, Amy E. Duddleston. Direção de Fotografia: Aaron Morton. Produção: Keith Levine, David S. Goyer. Som: Michael Babcock. Efeitos Especiais: Gabriele Cumpact, Ezio Sabelli, Angelo Mirra, Luigi Zanna. Música: Mark Korven.
Empolga sabermos que há uma vertente do cinema de terror contemporâneo guiando-se por um senso mínimo de investigação no trato com os códigos do gênero.
Algo que Arkasha Stevenson conduz muito bem aqui, principalmente quando consideramos o elemento nostálgico das referências dos filmes lançados anteriormente nas décadas de 1970 e 1980.
Há um índice referencial em relação ao universo onde a trama se passa, mas no conjunto, o trabalho não soa superficial. Justamente porque, a questão aqui, parece muito mais ligada a um enigma sobre a origem da encarnação ou gestação de um mal que eclode no seio do cristianismo em Roma do que uma referenciação gratuita ou revisitação da mesma ordem da série fílmica.
Notamos uma certa estrutura de justificação dos eventos a partir dos ideários entre esses dois lados do catolicismo, mas, novamente, isso não anula o peso da linha discursiva que a narrativa sustenta.
Naquilo o que tem se problematizado sobre uma tendência do pós-terror ou do terror elevado de querer justificar as causas e consequências estruturais e estilísticas das obras, Arkasha não utiliza o vezo pessimista do triunfo do mal em favor de uma propensa resolução ou abrandamento do saldo que a realidade do filme elucida.
O filme estabelece esse diálogo com outras obras do seu tempo sem querer ser uma releitura de algo originário apenas. O mal cumpre seu destino em função da necessidade imposta do desvio ou do descaminho se completar.
Porque, ainda que o protagonismo encampe esse status de idoneidade ou ilibidez ante as aspirações dessa outra margem da Igreja, aqui, elucidada como essa rede responsável por ser o canal para o estabelecimento do anticristo naquele tempo na Terra, há uma parcela de legitimação desse status bipartido de tal estado da maldade então encenada.
Não é como se isso fosse elaborado enquanto uma justificativa de se colocar lados da luta, mas são esferas que nos ajudam no entendimento dos lados dentro dessa teia onde a maldade e a maldição se obliteram e medem suas forças, cada qual a partir dos instrumentos que lhe são válidos.



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