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Assassino por acaso: dinâmicas de uma descompressão cinemática

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 17 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 15 de jul. de 2024

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Crédito: Film Affinity

Direção: Richard Linklater. Roteiro: Richard Linklater, Glen Powell, Jason Bateman.  Montagem: Sandra Adair. Direção de Fotografia: Shane F. Kelly. Produção: Richard Linklater, Glen Powell. Som: Dustin Fleetwood, Glenn Eanes. Música: Graham Reynolds. Maquiagem: Tara Cooper, Wendy Karcher


Na modulação entre o filme de espionagem e a comédia romântica, Richard Linklater até consegue manter uma regularidade que é bem pouco usual ao cinema mainstream norteamericano. Há pelo menos três movimentos com os quais o diretor subdivide a obra.


Gosto muito do primeiro ciclo, no qual ele vai compartimentando as experiências que o protagonista acumula como esse espião por acaso da polícia. Penso até que o filme todo poderia se dar somente sobre isso.


De modo que, a cada processo de relação com os alvos, se daria uma dinâmica própria onde iríamos percebendo as nuances dessa figura. Toda essa construção só dura até uma certa parte do primeiro ato e logo um novo gancho se inicia a partir da relação de Gary (o agente de múltiplas faces) com Madison (a vítima acima de suspeitas).


Nesse sentido, o enlace amoroso até não cultua uma distração para a narrativa na sua totalidade, mas dissipa essa estrutura anterior que poderia até remontar a uma lógica ou mecânica mais diretiva que funciona muito bem quando falamos do thriller.


Essa é uma leitura interessante porque é como se o Linklater partisse de um dispositivo de apresentação de uma situação problema do filme - esse homem capaz de assumir e encenar várias personalidades de si, mesmo - para então desenvolver e se deter mais numa construção dramatúrgica do filme policial e seu suspense "descompressado".


É uma obra simpática se considerarmos isso e que não deságua em uma caracterização idiotizante nos termos daquilo o que encontramos nas comedias cínicas dos Daniels ou nos trabalhos cinematograficamente descompromissados do David Leitch.


É mais sóbria na comparação e reflete um texto que se preocupa em ser preciso para dar as informações e sinais que precisamos para entender quem esse personagem é.


Numa atmosfera de violência e tensão, o filme lida com a dialética ou com o paradigma do gesto ou da decisão de não se replicar o discurso a partir daquilo o que o protagonista é, decide ser e fazer.

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