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Criaturas do Senhor: inflexões sobre a natureza da vilania

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 13 de abr. de 2023
  • 2 min de leitura

Crédito: A24

Direção: Saela Davis and Anna Rose Holmer. Roteiro: Shane Crowley, Fodhla Cronin O'Reilly. Produção: Fodhla Cronin O'Reilly. Montagem: Julia Bloch, Jeanne Applegate. Fotografia: Chayse Irvin. Som: Sanghee Moon. Música: Saunder Jurriaans, Danny Bensi.


A linha traçada por Saela Davis and Anna Rose Holmer se pauta por um denso equilíbrio entre o peso do drama psicológico e o filme de vertente mais formalista. É curioso como a ideia da vilania alcança um parâmetro que jamais se implica na ordem da mera exposição de impacto, por exemplo.


Na comparação com um trabalho como "The Nightingale (2018), a dupla de diretoras coloca em curso um contra discurso cujas definições apontam um outro regime de relação com as imagens do cinema. A violência está presente, mas ela não se materializa a fim de reforçar esses gestos.


Interessante como, nesse sentido, não vemos mesmo gritarias e confrontos corpo a corpo que sejam. Há uma única sequência onde isso se estabelece mas de modo muito particular. O conflito interpessoal não passa, logo, pelo reforço daquilo o que a imagem estabelece. Mas tão somente pela sugestão das suas consequências.


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Crédito: A24

Proporções estas que, diferentemente de uma obra como "The Nightingale" encarnam esse elemento como um índice de sujeição. O criminoso é real e seus crimes também, mas eles operam quase em uma espécie de segundo plano dos códigos narrativos do filme. Na sua impressão, o drama das personagens femininas se estabelecem em primeiro plano.


Porque passamos a entender que elas que importam. E numa prova inconteste desse protagonismo, Davis e Holmer não minimizam o peso das escolhas de algumas dessas figuras ou coloca seus traumas como manobra para uma representação celebratória vaga de um tópico feminista.


Pelo contrário, elas entendem o peso dessas discussões e por isso mesmo tomam todo o cuidado para não desidratar essa abordagem.


A justiça é uma questão que, naquele pedaço da Irlanda, pode até não partir das mãos de homens que fazem as leis ou que se encontram no happy hour de todas as noites, mas passa pela consciência de mulheres que refletem sobre o peso das suas ações e entendem seus lugares no protagonismo da construção de uma sociedade mais sustentável do ponto de vista das relações humanas.

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