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Gladiador II: considerações sobre um épico de fachada

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 27 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura
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Direção: Ridley Scott. Roteiro: David Scarpa, David Franzoni. Direção de Fotografia: John Mathieson. Som: Stéphane Bucher Design de Produção: Arthur Max. Efeitos Especiais: Kai SheltonMúsica:  Harry Gregson-Williams. Produção: Ridley Scott, Michael A. Pruss. Montagem: Claire Simpson, Sam Restivo. Efeitos Visuais: Ed Bruce.


Gladiador II é um filme sem aura ou espírito algum, em resumo. E mesmo que ele ainda parta praticamente de toda uma ambientação do antecessor, em quase nada o projeto consegue se projetar para além de um exercício de replicação de fórmulas e aplicação de alguns dos piores clichês e vícios de uma cartilha narratológica mainstream contemporânea.


Algumas pessoas têm comentado sobre a questão do aumento de uma suposta escala dessa parte do universo da obra, mas esse é um redimensionamento que na verdade não se aplica.


O Scott até opera uma dinâmica com muitos personagens reais (sem uso de computação gráfica) em uma mesma espacialidade, mas isso também nunca parece agregar um valor intrínseco ao curso dos eventos em si ou mesmo no componente visual, pictórico que seja.


Geralmente são apenas um amontoado de pessoas em figuração durante sequências que apenas ilustram um estado de um evento, em sua grande maioria, conduzido de modo automático ou sem grandes consequências para o desenvolvimento daquele segmento apresentado.


Se formos pensar a respeito daquilo o que configura um épico na contemporaneidade, o número de pessoas em cena não seria o suficiente para estabelecer algum princípio a respeito.


Talvez não seja tanto sobre quantidade, mas em relação ao poder de significação que a ambiência cenográfica consegue mobilizar a partir de tudo o que um conjunto de atores (de 10 ou uma centena) mobiliza cenograficamente.


Isso por si despersonaliza a obra na sua totalidade. Nem mesmo diegeticamente falando, a atmosfera retratada na estória remete a algum sentido de emergência ou risco que seja para o protagonista ou os personagens a ele vinculados.


É tudo tão frágil que Scott resume inúmeros momentos em linhas auto-expositivas quando não criadas apenas sob o pretexto de se impor um estado catártico previsivelmente inserido no curso do filme para reforço de outros clichês, como a donzela em perigo e punida por ser uma mulher e estar numa posição de fragilidade naquele meio normativo.


É o que de pior pode haver em termos de régua de um cinema feito por homens sobre homens dum passado histórico ocidentalizado. É triste, somente. Cansativo em demasia.

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