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Guardiões da Galáxia Vol.3: os problemas de uma narrativa ultra higienizante

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 8 de mai. de 2023
  • 2 min de leitura

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Existe uma certa multiplicidade de filmes dentro dessa terceira parte da "trilogia do Gunn" bancada pela Marvel Studios. E essa variedade de escalas fílmicas aparece, infelizmente, não de uma forma para potencializar a obra, mas muitas vezes, para miná-la.

Gosto do modo como essa carga dramática circunscreve a própria história de recapitulação do que ocorre com Rocket - certamente a figura central do longa. Mas o problema é o filme justamente não conseguir operacionalizar esse esquema.


Há esse recorte do passado, cujos flashbacks pesam bastante, principalmente pelo excesso do uso e uma reiteração desproporcional dessas imagens do sofrimento animal. Bem como na linha das missões de resgate do restante da equipe de heróis.


Aqui, é curioso percebermos o quanto Gunn não consegue dinamizar esses conjuntos cênicos a exemplo do que tão bem vimos nos dois filmes anteriores desse time.

Todo o conjunto de sequências dos dois primeiros atos se desenvolvem a partir de um esforço gigantesco e quase feito na base da obrigação que o subgênero super-heróis obriga.


A sequência da luta no corredor (no terceiro ato) de uma das naves inimigas opera quase como um cumprimento de agenda naquilo o que se exigiria de um filme de ação.

É bem executada e traz essa baita dinâmica quase hipnótica característico do plano-sequência em si, mas logo ela se encerra, recai de volta todo o tom moroso e contra dinâmico característico do filme na sua totalidade.


De modo esquémico, esse "Guardiões" sequer chega a ser um trabalho engraçado. Mas o que é um filme "ter graça" na contemporaneidade? Para a Marvel Studios parece ser assentar uma série de piadas bobas a cada terço de minuto. E isso independente do quão denso ou emotiva seja a cena a anteceder ou preceder a "gag".


É bobo não de um modo versátil, inteligente. Um projeto como "Hora de Aventura", por exemplo, é um belíssimo caso de como isso funciona excepcionalmente. Quando retornamos para esse "Vol.3, é apenas desnecessário mesmo, e por isso, um recurso esquecível.


São decisões que afetam consideravelmente o tom do filme como um todo. As risadas cooptadas na experiência de uma sala de cinema, só atestam essa vocação de parte desses filmes de super-heróis para narrativas de assimilação simplista e ultra higienizante.

São a gama de comentários idiotizantes e a construção atmosférica dessa representação de um mundo idealizado, de crianças encarceradas numa prisão cósmica mas que no fundo parecem ter saído direto de qualquer esquete desses programas de auditório de fim de semana de uma emissora como a Globo.


Uma pena para a potência que esses filmes podem sim, vir a ter. É algo perdido ali em meados de 2014 e que deve ter ficado no limbo criado pelo fechamento do ciclo determinado por "Vingadores: Ultimato" (2019), para ficarmos no espectro da Marvel Studios/Disney.

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