Horizon: Uma Saga Americana - Capítulo 1
- danielsa510

- 18 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

Direção: Kevin Costner. Roteiro: Kevin Costner, Jon Baird. Direção de Fotografia: J. Michael Muro. Som: Taylor Flinn. Design de Produção: Derek R. Hill. Efeitos Especiais: Kai Shelton. Música: John Debney. Produção: Mark Gillard, Howard Kaplan, Kevin Costner. Montagem: Miklos Wright
Não deixa de ser curiosa a razão que parece mover o filme de Kevin Costner na sua essência. Um desejo quase que da ordem da retomada a um exercício da prática do cinema como um permanente movimento de idas e vindas nos núcleos estabelecidos, sobretudo, pela dinâmica mantida entre os personagens.
Se isso, por um lado, resguarda uma frutífera semelhança estrutural aos westerns norteamericanos mais clássicos como os de Ford e Hawks, por outro, revela um especifico espelhamento a partir de uma proposição meio boboca, amadora, no sentido da personificação definida por parte de determinados personagens.
Um traço bastante característico desse cinema "c" ou "d", também produzido nos Estados Unidos em meados da segunda década de 2010, por exemplo.
Entendemos que há uma complexidade, ali, nos termos dessas longas sequências que compõem os blocos narrativos da obra no decorrer das suas 3 horas e um minuto de duração, mas isso vem a reboque de uma certa "esterilização" no nível da construção de mise em scene mesmo, ou seja, no arranjo como essas situações são organizadas dentro das cenas.
Há o respiro frutífero desse tempo que se dedica a cada ciclo constitutivo do filme - uma discussão que termina num duelo; uma visita que acaba em um homicídio -, mas no meio dessa manifestação cênica, sempre parece sobrar um pouco mais ou um tanto menos o caráter naturalista, e portanto , crível para se sedimentar o estar dos eventos nesse relato do mundo proposto pelo diretor.
Essa parece ser uma questão definidora do desequilíbrio do qual o trabalho sofre mais fortemente. É como se, afora esse elemento da organização estilística e bastante consciente dos recortes sequenciais, o longa não conseguisse encontrar um nivelamento performático a contento.
Fica entre aquilo o que o western dos primeiros tempos de Lois Weber, Frances Marion, Grace Cunard a Ida Lupino foi, passando pelas vertentes revistados e reniveladas pelas mãos e mentes de Alla Surikova a Jane Campion ou Kelly Reichardt o é. Todas essas, logo, diretoras que ajudaram a remodelar e estabelecer a historiografia do gênero, nesse entre-séculos.
Logo, levando em conta tudo isso, faz-se a reflexão crítica sobre o por quê o filme de Costner ter bons elementos agregados, mas estar longe de ser o "filme do ano", até o momento. Isso, ele não é, definitivamente. Amo faroestes, mas não vejo encanto (para tanto) aqui.



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