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Love Lies Bleeding: causa e consequência no subgênero crime

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 20 de mai. de 2024
  • 2 min de leitura

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Crédito: Divulgação

Direção: Rose Glass. Roteiro: Rose Glass, Weronika TofilskaMontagem: Mark Towns. Direção de Fotografia: Ben Fordesman. Produção: Andrea Cornwell, Oliver Kassman, Jes Anderson. Direção de Arte: Loren Schoel, Kendra Tuthill. Efeitos Especiais: Werner Hahnlein. Efeitos Visuais: James Allen. Música: Clint Mansell


Gosto do modo como Rose Glass lida com a orientação do estilo que o filme assume para si. Não é algo determinantemente maneirista, mas que se resguarda o direito de se pensar conceitualmente a partir de uma certa fórmula dos trabalhos oitentistas onde a ação era apresentada de modo muito direto.


Causa e consequência dos eventos estão dentro de um mesmo preceito. E isso conduz a estória para um campo que é apresentado em um esquema naturalista, mas que de modo alternado e compassadamente, vai assumindo tons hiper-realistas em diferentes escalas ou proporções.


O crime é uma linha-mestra possível e com a qual Glass direciona o argumento da obra na sua totalidade. Há muito de um esquema frontal no trato dos eventos, de modo de que o ideal da morte nem sempre resguarda uma relação consequencial no curso do que acontece.


O cânion eleva esse lugar da natureza sombria de uma família marcada pela violência, mas não se encaixa como uma peça normatizante do que seria causa e efeito no jogo de mentiras e perseguições estabelecidos entre a lei, o crime e os afetos.


Tudo o que vai se sucedendo na estrada percorrida por Lou (Stewart) e Jackie (O'Brian) não as leva a uma trilha "lógica", no sentido do que percebemos em muitas das produções contemporâneas do cinema mundial.


Porque, quando um personagem leva um tiro e, consequentemente, morre, isso não necessariamente conduz a alguma ramificação para outros eventos em função do que acontecera. Alguém ficou pelo caminho e a narrativa segue seu fluxo gradativo.


O terror contemporâneo, por exemplo, lida muito mal com essa perspectiva em maior ou menor medida. Claro que isso não é uma regra, mas aquilo que tem sido discutido sobre o lugar que o gênero se coloca nas últimas décadas enquanto janela para resolução dos traumas dos personagens em si faz muito sentido.


Algumas obras, ainda que retomem parte dessa premissa, conseguem imprimir uma independência quanto a isso. Algo que estaria ligado ao modo como o mal é abraçado pelas personagens ao final do filme. Sob a Pele (2013), O Babadook (2014) e Hereditário (2018) seriam bons exemplos disso.


E aqui, o que Glass assume, no fechamento de tudo, é esse estado onírico mesmo. Onde a bandeira realista não importa tanto porque, para ela, mais vale a liberdade a ser conquistada pelas suas protagonistas.

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