Missão: Impossível - Nação Secreta (2015)
- danielsa510

- 5 de jul. de 2023
- 2 min de leitura

Direção: Christopher McQuarrie. Roteiro: Christopher McQuarrie, Drew Pearce. Produção: Tom Cruise, J.J. Abrams. Montagem: Eddie Hamilton. Fotografia: Robert Elswit. Som: James Mather. Música: Joe Kraemer. Efeitos Visuais: Kim Phelan.
Gosto do modo como McQuarrie lida com a ação no filme. Ela nunca soa como o propósito de ser espetacular em uma escala gratuita. Quando vemos um personagem em situação de risco, por exemplo, essa construção tende a estar ancorada (ou apoiada) em uma dimensão bastante realista e possível. E por mais que vejamos Hunt (Tom Cruise) pendurado na lateral de um avião, por exemplo, essa é uma encenação montada sob uma proposta bastante naturalista até.
E o curioso é notar o quanto isso aproxima o filme de uma vertente que não apenas faz referência ao gênero do cinema de ação, mas tece distintos comentários sobre a própria linha histórica da série cinematográfica. Esse é um resgate que passa por trabalhos como a franquia 007 como em "O Espião que me Amava" (1977) e "Quantun of Solace" (2008) quanto do próprio "Missão: Impossível 2" (2000). Mas ele vai além.

E mais interessante ainda é notar o próprio trato que ele dá à figura da "donzela" que, apesar de estar sempre em perigo, jamais necessita de um herói para salvá - la. E por isso Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) é tão particular. Até a tensão afetiva que ela estabelece com o protagonista, por exemplo, jamais cruza a linha do cliché amoroso.
Ao invés do beijo no fechamento da narrativa, um abraço sincero de agradecimento por tudo partilhado até ali cuida de dar conta dessa interação. É sincero e terno. E isso basta. Se valer de ser um filme de ação mais direto é um dos principais méritos desse M:I.
Nisso, McQuarrie conseguiu realmente estabelecer uma espécie de métrica para a série. Não em um sentido de ter feito algo fora da linha do que já poderia ter sido feito no projeto, mas na lógica de conseguir integrar bem os elementos do subgênero da espionagem com os elementos canônicos do cinema de ação ocidental.
O que é curioso se considerarmos a experiência do diretor a frente de outros trabalhos dessa linha como o próprio "Jack Reacher" (2012). É como se o realizador tivesse conseguido trabalhar contra (ou seria em favor?) de todos os excesos deste filme em posição a esse Missão: Impossível. O que pode o colocar como uma síntese do anti-filme àquele anteriormente citado.
Ele deixa de lado uma propensão de se fazer um trabalho mecanicizado e se coloca a disposição de reimaginar pontos-chave de outros filmes da série a fim de se estabelecer com base nisso. Acertadamente, esse quinto filme não se limita a esse alicerce rememorativo e gesta sua própria trama a partir de um arco bem clássico.
Ele não corre riscos, mas também não deixa de se autoestabelecer na linha do tempo da franquia. Há muito em De Palma, Woo e até Bird, mas é McQuarrie que se delimita na exitosa tarefa de conduzir a série a frente na sua cronologia.
Algo alcançado solidamente quando pensamos em "Missão: Impossível - Efeito Fallout" (2018), "Acerto de Contas" - Partes 1 (2023) e 2 (2024) como uma quadrilogia com delimitações muito bem planejadas numa estranha era onde os blockbusters obedecem antes ao efeito da bilheteria ante o do próprio filme enquanto obra artística.



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