top of page

O Cavaleiro Verde: o naturalismo e a fabulação na perspectiva ficcional

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 7 de fev. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de mar. de 2022


ree

Direção: David Lowery. Roteiro: Tim Headington, David Lowery. Montagem: David Lowery. Direção de Fotografia: Andrew Droz Palermo. Produção: Tim Headington, David Lowery. Efeitos Visuais: Eric Saindon. Som: Johnny Marshall.


Deter-se na análise dos trabalhos da produtora A24 a partir dos traços em comum entre os filmes pode ser uma boa forma de iniciarmos a reflexão em torno dos projetos da empresa. De 2012 para cá, notamos uma certa linha formal e de sentidos do filme que alinharam cada título lançado por ela até então.


A economia das produções, a sobriedade com que as estórias são contadas e a aposta em autores de maior ou menor projeção estão entre os principais traços que a demarcam no competitivo mercado da indústria norteamericana. Isto posto, chegamos ao longa de David Lowery.


Longe de ser um diretor visionário, ele é um realizador que de fato se encaixa e processa bem essa veia "alternativa" da A24. Foi assim com "A Ghost History" e a agora com esse recente épico - fantasioso.


Ambos os filmes levam consigo essa aura de estranhamento que coloca a perspectiva naturalista em colisão com uma vertente mais espetacular na representação do mundo.


Em tese, não vejo problema nisso. Muitos colegas reprovam a adoção de determinados recursos contidos na condução das narrativas alegando preciosismos e grandiloquencias. Em certa medida eu concordo com a leitura, mas isso não me afasta de todo dos filmes.


No caso de "Cavaleiro", o que atestamos é exatamente essa condução que alia o drama histórico - medieval com essa atmosfera mais sombria bem característica daquilo o que tem se convencionado "pós-horror". Nesse caso, gosto da ideia de estranhamento porque ela ajuda bem a perceber o tom do filme como um todo.


Ainda que pensemos que a jornada de Sir Gawain vá ser marcada por um círculo transformador cuja culminância seja o escapismo do alcance do objetivo por ele assumido, isso, na verdade, não necessariamente ocorre.


Ele é colocado diante do chamado, recusa o pedido, volta atrás e aceita, parte na jornada externa, mas o que ocorre entre o traçado do caminho e a chegada ao ponto final se sedimenta numa espécie de grande lacuna para o sentido a ser construído na esfera individual do protagonista.


No fundo, evocamos novamente essa compreensão do estranhamento agora na instituição do campo dramatúrgico do filme porque a exemplo de obras como A Bruxa (2015), Hereditário (2018) e Jóias Brutas (2019), o mal ou a vertente da vivência errante contida na narrativa e na própria individualidade desses personagens surge como uma linha mestra do perfil assumido pelo longa no seu fechamento.


Ou seja, não conseguimos aferir se Gwain é um herói, por exemplo. Em uma leitura macro, a estória em si não parece tratar de um conto sobre a busca incessante pela honradez e a grandiosidade do homem durante sua trajetória na terra (única e exclusivamente). O protagonista faz sua escolha na conclusão da narrativa ao fim das suas 2h10min de duração, e essa decisão é o que parece determinar o tom da obra por fim.

Comentários


bottom of page