O Robô Selvagem: a natureza de uma reconfiguração consciente
- danielsa510

- 21 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Direção: Chris Sanders. Roteiro: Chris Sanders, Peter Brown. Direção de Fotografia: Chris Stover. Som: Richard Hymns. Design de Produção: Raymond Zibach. Música: Kris Bowers. Produção: Jeff Hermann, Heather Lanza. Montagem: Mary Blee
Há uma abordagem, digamos, sensível no trato do tema, mas não nos termos de uma pegada sentimentalóide da coisa. Em alguma medida, lembra bastante a perspectiva do John Lasseter no primeiro Toy Story (1995).
É um filme que dosa, por isso mesmo, muito bem, essa veia de um cinema de animação que usa a comicidade não como uma muleta ou escape para a criação de situações destituídas de uma "graça" genuína. E que, pelo contrário, usa a grande maioria dos comentários cômicos dentro de uma elaboração contextual.
Ou seja, inserida em um fluxo do próprio dinamismo dos eventos. A figura da raposa, Fink, ilustra bem isso. Porque mesmo que o personagem se insira como sendo um certo gatuno piadista, todos os seus comentários nunca vêm desvinculados do estado pelo qual a persona dele mesmo esteja a passar.
Há um ideal de passagem de arcos para cada um dos personagens. E nisso, a representação de Roz talvez seja, não apenas pelo seu protagonismo, o exemplo mais bem acabado dessa concepção.
Ela chega na Terra (?) formatada para ser uma máquina de execução de tarefas em alta performance, mas aos poucos vai se destituindo das suas funcionalidades em detrimento das diretrizes pré estabelecidas anteriormente.
Interessante como, a partir disso, o filme endossa uma mensagem anti tecnicista, em alguma medida. Ante a robotização ou automação de um ser no mundo, mais vale a incorporação da imprevisibilidade do estar na vida e de tudo mais o que venha a reboque dessa dinâmica.
Ao caos da improbabilidade dos laços feitos corresponde, também, o peso da maturidade de se ter de abrir mão daquilo o que, a priori, seria tomado como "propriedade" sua.
E aí, ante uma lógica do apego ou da posse nas relações estabelecidas neste mundo, o filme propõe uma reflexão justa sobre como a questão das negativas diante dos eventos na vida não necessariamente estão relacionadas a um ideal de objetivação ou cumprimento de metas no campo da narrativa fílmica.
É disso que parte a maturidade com a qual o filme se reveste na sua totalidade e onde reside sua maior força, igualmente.



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