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Onda Nova: morte e vida na disputa em campo

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 7 de abr.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 28 de abr.

Crédito: Vitrine Filmes
Crédito: Vitrine Filmes

Direção e Roteiro: Ícaro Martins e José Antonio Garcia. Montagem: Germano de Oliveira, Victor Costa Lopes. Direção de Fotografia: Antonio Meliande. Produção: Adone Fragano e José Augusto Pereira de Queiroz. Direção de Arte: Cristina Mutarelli. Montagem: Eder Mazini. Música: Luiz Lopes.


A sobriedade com que José Antônio Garcia e Ícaro Martins conduzem os eventos de Onda Nova (1983) em nada se relaciona com qualquer falta de perícia no trato do filme de amadurecimento.


A própria ideia da delimitação na experiência do subgênero talvez nem caiba aqui, resultado direto da marca com que as obras do cinema marginal imprimiam a partir de uma gramática que operacionalizava constantemente e de modo muito pouco provável a escatologia, a violência, e os modos de vida de uma país em plena convulsão social, política e artística.


É como se diante da premissa de uma estória sobre um time de futebol feminino, o filme fosse de modo quase ininterrupto se reorganizando e reelaborando suas premissas e por consequência, a dinâmica de como os eventos nesse contexto vão se sucedendo.


Há um jogo muito rico e potente gerado por esse contraste entre este estado de sobriedade com que as coisas acontecem e essa aparente inverossímilhança no modo como outras se estabelecem.


O filme é um daqueles exemplos acabados da força com que esse cinema do final dos anos 1970 e início da década seguinte operacionalizavam a efervescência de um período de virada sócio-cultural para, ele mesmo, reverberar isso a partir da ficcionalização da vida.


Longe de ser apresentado em uma proposta alienante, a sátira jamais escorrega para um traço grotesco, pouco sofisticado e, pelo contrário, se manifesta na oposição dessa toada.


Ora, se o título do filme parte da referência a uma peça de roupa, uma minissaia (New Wave), o sentido geral e final em torno disso não se dá por meio de uma citação cínica qualquer ou mesmo por um trocadilho espertinho esvaziado de qualquer traço de enunciação.


A tragédia é a linha que conduz o ápice quase que de modo automático. Parece deslocado ou desvencilhado do conjunto de citações às quais o filme alude, mas na verdade, se insere como uma marca última da expressão de uma juventude às portas da conquista de uma liberdade ainda não vivenciada, nunca antes experimentada.


A morte e a ludicidade dividem o mesmo campo que dá acesso a uma estrada em branco para alguns e repleta de possibilidades para outros. É na modulação de todas essas distintas formas de estruturação que a obra opera. Um filmaço por isso mesmo.

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