Pecadores: sobre as fórmulas no trato da percepção
- danielsa510
- 25 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de abr.

Direção: Ryan Coogler. Roteiro: Ryan Coogler. Direção de Fotografia: Autumn Durald Arkapaw. Som: Chris Welcker. Design de Produção: Derek R. Hill. Efeitos Visuais: Michael Ralla. Música: Ludwig Göransson. Produção: Zinzi Coogler, Sev Ohanian, Ryan Coogler, Kenneth Yu. Montagem: Michael P. Shawver. Maquiagem: Lauren Spencer.
A princípio, ficam algumas questões quanto ao uso duplicado do personagem do Michael B. Jordan no filme, mas a opção, ao fim de tudo, acaba se justificando bem. Mas nem tanto pela forma como a diegese foi organizada considerando isso, mas sobretudo nos termos da duplicação enquanto conceito para uma ideia de como o sobrenatural se estende na história humana.
Nisso, os seres da Terra e os da pós-humanidade acabam traçando não apenas linhas de distinção pelo embate, mas sobretudo pela dialética que os colocam lado a lado na cronologia dos nossos dias e futuros.
Muito tem se replicado - na recorrente prática do ideal listado via telefone sem fio dos perfis do Letterboxd à outras redes sociais -, sobre o filme ser um novo Um Drink no Inferno (1996), etc. mas penso que nem se trate muito disso. São obras que lidam com a perspectiva do subgênero de modos bem distintos.
Porque se Tarantino e Rodrigues tinham o insólito como base para uma distopia do horror-cômico, aqui, Coogler joga mais com o terror de crítica social a exemplo do que vemos em um Murder in Mississipi (1965), de Joseph Mawra ou mesmo em O Mensageiro do Diabo (1955), de Charles Laughton, Parque Macabro (1962), de Herk Harvey ou mesmo Amantes Eternos (2013) do Jarmusch.
Estou colocando isso aqui para tentarmos pensar um pouco sobre como essa noção do pensamento de "manada" se estabelece nas rodas de discussão que mantemos tanto nos fóruns no ambiente virtual quanto nas rodas de conversas presenciais.
É como se, incapacitados de elaborar um discurso mais crítico e personalizado sobre aquilo o que o filme nos devolve na relação estética e de recepção com a arte, apenas reproduzimos discursos. Não conseguimos sustentar um ponto de vista ou gosto sobre aquilo que o cinema venha a ser na nossa experiência junto a forma de arte.
O filme pode ser múltiplas coisas a partir do momento em que lidamos diretamente com ele e disso é de onde extraímos toda sua força. Logo, antes de sairmos replicando Um Drink no Inferno enquanto impulso formulaico, pensemos naquilo o que a obra, na sua complexidade e inteireza, se faz intuir no fluxo de nossa percepção crítica e criativa, acima de tudo.
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