top of page

Sexta-Feira 13 (1980): o medo como unidade ontológica no filme

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 27 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2024

ree
Crédito: Paramount Pictures

Direção: Sean S. Cunningham. Roteiro: Victor Miller, . Montagem: Bill Freda. Direção de Fotografia: Barry Abrams. Produção: Sean S. Cunningham. Música: Harry Manfredini. Maquiagem: Tom Savini. Atualizada em 13 de setembro de 2024


"Sexta-Feira 13" é um dos maiores clássicos do cinema de horror norteamericano. Mas diferentemente do que a história da franquia aponta, esse primeiro filme encontra suas maiores potências não em elementos recorrentes, como a própria figura de Jason.


O fato de ele em si não ser a figura de onde tudo emerge é uma prova disso. Claro que a situação do terror é desenhada pelo trauma do personagem, mas o coração da trama não tem na sua figura um fim. O assassino é um meio em função de uma narrativa referencial.


Ler a referência é algo importante aqui porque fica bem evidente o quanto Sean Cunningham parte da experiência desse terror moderno, sobretudo Psicose, para repensar o slasher daquele início dos anos 1980. Inicialmente ele vai costurando a dinâmica entre esses jovens idiotizados, mas não se estende nisso.


Quando as mortes no acampamento começam a ocorrer, a atmosfera que antes soava descompromissada, logo se remodula. O que é bom porque é a partir desse ponto que notamos uma alteração inclusive na própria posição com que os personagens assumem no nível da trama da estória.


Ou seja, quando Sean Cunningham deixa de buscar o desenvolvimento das interações entre essas figuras que de fato não importam e direciona seu foco para o desenrolar dos eventos de cada ataque seriado, o filme ganha mais volume. Inclusive na construção da sua atmosfera de suspensão entre um atentado e outro.


Objetivamente falando, tudo ocorre na transição da noite de sexta para a madrugada de sábado. Esse fluxo das horas passa a ser incorporado no modo como as situações se dão no nível do universo do filme. Quando esse "mal" enfim se revela, é como se o cronômetro para a conclusão da obra tivesse início.


Nesse ponto, impressiona a consciência que Cunningham tem da obra no seu todo. A passagem do clímax para o epílogo fala disso. Desse domínio e compreensão de que o terror desse conto vem não do grafismo das imagens que ele abarca. Mas primordialmente da dimensão ontológica desse medo que encontra no trauma sua fonte principal.


Nisso, Jason se torna essa figura mítica não por ser quem a cultura pop o moldou. Mas sim pelo fato de ele sequer existir no plano material. Nessa primeira parte da série ou desse filme original, ele é uma ideia, quase como que uma metáfora desse medo insuperável e inominável. Na verdade ele tem nome e partindo da inspiração Hitchcockiana pode ser entendida por Jason.


Em linhas gerais, a sequência final concentra muito dessa força que não se encerra em um movimento conclusivo. O mal no filme resiste porque não chega a ser batido. Ele resiste como um pesadelo lúcido, uma força que não pode ser batida.


Ao mesmo tempo, é muito potente que toda essa construção se dê a partir do recurso do close, da face de Alice como a beleza que corta a narrativa do filme na raiz. Fim.

Comentários


bottom of page