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Ventos de Agosto: as veredas possíveis na narração do amor

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 30 de ago. de 2021
  • 2 min de leitura

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Direção: Gabriel Mascaro. Roteiro: Gabriel Mascaro, Rachel Ellis. Montagem: Ricardo Pretti, Eduardo Serrano. Direção de Fotografia: Gabriel Mascaro. Som: Victoria Franzan, Moabe Filho e Mauricio d'Orey.


Esse é um filme que não se fecha dentro dele mesmo. Na verdade, que faz questão de deixar uma série de colocações em aberto propositalmente.


E isso é ótimo, porque revela um cinema que acredita na força que o espectador tem de imprimir e dar sentido às imagens diante deles. Esse é um agenciamento riquíssimo.


Mas há um senso irônico e cômico muito latente aqui. Ou seja, não estamos diante de um drama etnográfico ou um romance poético que toma o litoral alagoano para falar de uma estória de amor impossível.


Esse riso que nos fica no canto da boca é quase inato. E ele ocorre em situações que nos surpreendem pela sua improbabilidade. A boa variação tonal cômica nasce disso. De um humor discreto e apenas sugestivo.


E aí temos um diálogo sobre o fato de as pedras terem um pulmão; de uma caveira encontrada na água e que é reconhecida por meio de um dente de ouro; de busca incessante e muitas vezes sem sucesso de um pesquisador do som que busca a melhor forma de fazer suas captações.

É muito precisa a correlação que ele estabelece entre as imagens no geral sem que isso tenha de ser feito via diálogo muitas vezes. É pela construção de sentido entre planos que ele faz o filme dizer o que ele quer falar ou mostrar para quem assiste.


Interessante como ele utiliza som não apenas como elemento meramente técnico ou mesmo de apoio. O som faz parte do tema do filme e ele é potencializado em muitos momentos do longa. Nos fortes ventos captados durante uma tempestade, durante um passeio no meio do mangue ou no meio de uma celebração católica com cantos religiosos entoados em coro. Tudo potencializa e eleva o som como uma ferramenta de elevação da experiência cinematográfica.


É muito forte também a ideia que conseguimos abstrair a partir do sentido do esforço que circula todo o filme. Desse incansável entendimento que as personagens tem sobre aquilo o que de dever deles. E aí, a crítica à um Estado que abdica das responsabilidades para os seus cidadãos emerge na tela com uma força imensa.


Mas para vermos essas imagens, precisamos olhar para além daquilo o que Mascaro coloca no plano em si. Tudo está dentro do quadro, mas precisamos acessá-lo além das quatro paredes que formam o cinema enquanto arte.


Assista à integra do filme na página do Vimeo da atriz Dandara de Moares

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