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Vingadores: Era de Ultron – O fluxo entre limitações e perspectivas

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 16 de abr. de 2019
  • 4 min de leitura

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Direção: Joss Whedon. Roteiro: Joss Whedon. Montagem: Jeffrey Ford, Lisa Lassek. Direção de Fotografia: Ben Davis. Design de Produção: Charles Wood. Música: Danny Elfman, Brian Tyler. Produção: Victoria Alonso, Jon Favreau, Kevin Feige.



O que se pode dizer a respeito de Vingadores: Era de Ultron (2015) à sombra dos 22 filmes produzidos até o momento pela Marvel Studios? Muitas coisas podemos extrair dessa que é a segunda reunião dos Heróis Mais Poderosos da Terra no cinema. A mais evidente delas talvez seja a de que estamos diante de um projeto de transição dentro de tudo o que o subgênero de super-herói tem se constituído na última década.

Escrito e dirigido por Joss Whedon, o longa narra a ofensiva dos Vingadores após um programa pacífico de manutenção da paz sair do controle de Tony Stark. E quando a Inteligência Artificial chamada Ultron (James Spader) ganha consciência e se torna uma ameaça potencial para o mundo promulgando um plano de devastação contra a humanidade, cabe aos heróis restabelecer o equilíbrio na Terra, mais uma vez.

Em linhas gerais, as Histórias em Quadrinhos que são adaptadas para o cinema tem um viés bem genérico em maior ou menor medida. Um vilão que quer destruir o mundo, uma maquina assassina que que lidera um exército de robôs descontrolados, são muitas as narrativas trazidas desde os anos 1960. Crescemos e revisitamos sempre que possível essas histórias. E o próprio Ultron esteve no nosso imaginário durante as primeiras edições de Vingadores de Jack Kirby e Stan Lee.

E de fato, o problemas não são as HQs, essas são maravilhosas e dentro do tipo de mídia as quais elas originalmente se ambientaram, figuram como um trabalho impecável. O problema é quando todo esse olhar mais ingênuo das páginas não vem para o cinema de modo a torná-lo algo maior. Porque a linguagem das HQs pede uma teia referencial que no cinema pode não funcionar tão bem.

É ai que reside o maior problema deste longa. Whedon vinha de um rompante em função de tudo o que ele conseguira com Vingadores (2012). Mas havia fissuras que se evidenciaram ainda mais na sequência desta franquia em especifico. Uma delas é o humor desmedido entre as cenas. A variação tonal cômica em si não é um problema. Guardiões da Galáxia (2014) e Thor: Ragnarok (2017) são bons exemplos de como esse elemento pode ser desenvolvido a favor do filme.

Já em Era de Ultron vemos muito a piada por ela mesma. A variável humorística vem geralmente fora de um contexto orgânico. Em determinada sequência, Maria Hill (Cobie Smulders) explica para Steve Rogers (Chris Evans) sobre as habilidades de dois outros personagens. Após abordar o assunto com termos científicos, ela finaliza: “Ele é rápido. Ela é esquisita”. Se todo o diálogo anterior levaria para isso, então porque perder tempo tentando construir uma cena mais sóbria anteriormente?

São más escolhas como essa que desacreditam o filme fortemente. Não é engraçado porque presume o espectador como um idiota que se contenta com um trabalho que usa alívios cômicos indiscriminadamente. O bom “leitor”, percebe isso. O problema é que Whedon e sua equipe não notaram. E o resultado disso é um filme de superfície. Em que a superficialidade das suas demandas parecem atingir quase todos os seus elementos em volta. Apenas um deles mantém-se imune. Mas retornamos a ele mais a frente.

Pelos olhos do diretor, bastaria conceber a ideia de mais uma reunião desses personagens para a conclusão do trabalho. E mais uma vez, esse é o tipo de abordagem que funciona, sim, com as animações, a exemplo de Vingadores Unidos. Uma criança não exige apuro no olhar caso essa não seja uma questão para o realizador. E mais uma vez, Whedon subestima a capacidade subjetiva do espectador, presumindo que ao verem os heróis nessa narrativa cada um pensaria:os Vingadores estão aqui! Não é bem assim.

Não é assim porque Era de Ultron, nesse sentido, é como um filme fora do tempo que a própria Marvel Studios estava construindo desde 2014. Com poucas exceções, filmes como Capitão América: O Soldado Invernal (2014) e Guardiões da Galáxia (2014), apontavam uma nova perspectiva para os filmes do subgênero. E o naturalismo evocado pelo próprio Joss Whedon, se provava nesse contexto, distorcido.

As narrativas naturalistas da Marvel àquele ponto tinham a ver com roteiros mais elaborados, trabalhos mais cinematograficamente pensados em termos de forma e sentido, além do referencial tomado como base a partir das HQs produzidas pela editora. Uma pena que este segundo filme ambientado nas aventuras do grupo de heróis só tenha conseguido acessar metade dessas referências. Nisso chegamos, contraditoriamente até, ao seu ponto positivo.

Era de Ultron ainda assim é uma obra que trouxe e lançou arestas conectivas para os filmes que viriam a seguir. A premissa do desmantelamento dos laços entre os heróis, lançada nesse longa em específico, foi cuidadosamente aperfeiçoada por Joe e Anthony Russo em Capitão América: Guerra Civil (2016).

A própria ideia das visões que os personagens têm a partir de um futuro enigmático e apocalíptico, serviram de base para tudo o que Vingadores: Guerra Infinita (2018) foi e agora, Vingadores: Ultimato (2019) provavelmente abordará para a conclusão da saga que reuniu a soma desses 22 filmes produzidos nos últimos 11 anos do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM).

E olhando por esse lado, sim Era de Ultron deixa um legado também. Afinal, todos esses filmes não se fizeram isoladamente. Eles são a união de todas essas histórias, roteiros, intenções de realização e da resposta de um público que teve parte (ou toda) uma geração moldada por essas obras. Esse é o saldo de termos e estarmos vivendo essa época de ouro do cinema de super-heróis, apesar de toda a oscilação pertinentes a cada um desses projetos.

 
 
 

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