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Viúva Negra: o preço do esvaziamento no filme despiritualizado

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 28 de jul. de 2021
  • 3 min de leitura

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Direção: Cate Shortland. Roteiro: Eric Pearson. Montagem: Leigh Folsom Boyd, Matthew Schmidt. Direção de Fotografia: Gabriel Beristain. Produção: Victoria Alonso, Louis D'Esposito, Kevin Feige. Som: Dan Abrams. Música: Lorne Balfe.



São muitos os pontos que atravessam a potência do debate por trás dos filmes do subgênero. De 2008 para cá, quando falamos da experiência da Marvel Studios especificamente, e de 2001 em diante, considerando o histórico da Marvel/Sony/Paramount e seus projetos isolados, há uma parte do próprio decurso temporal da cinematografia de Hollywood que se encontra viva.


Por isso talvez não faça tanto sentido aqui ficarmos pensando na "morte" dessas obras como algo que devêssemos entoar como uma posição inquisidora. Particularmente falando, sempre torço para que cada um deles funcione. Isso não significa dizer, no entanto, que o nosso olhar tenha de ser condescendente ou alienado.


E falar disso é entender que há um problema bem evidente nos filmes da empresa dirigida por Kevin Feige. Falamos do fator de subestimação que a leva de novos diretores e showrunners dessas obras carregam no braço e parecem implementar como fórmula a cada novo título (entre produtos seriados e fílmicos) lançados nos últimos dois anos.


Pontuo esse período de tempo porque fico muito pensando se esses filmes não deveriam ter sido suspensos por um tempo logo após "Vingadores: Ultimato" (2019). Sei que pode parecer uma reflexão ingênua, mas no fundo, soa mais racional do que a ideia geral de continuar insistindo nessas produções que, acima de tudo, parecem desconsiderar bastante o lugar do espectador ativo e do autor criativo nesse processo todo.


Torço pelos filmes/séries porque gosto de acreditar que o trabalho junto ao gênero no audiovisual é um lugar rico para novos pontos de vista. Mas a verdade é que, do último filme assinado pelos Russos para cá, quase nada sobra nesse sentido.


Entendemos que o estúdio segue sua lógica seriada e de interconexão ininterrupta, mas esse parece ser um movimento que emerge sob a pena da falta de criatividade na prática da realização audiovisual por base. E aqui finalmente chegamos nesse mais recente longa dirigido por Cate Shortland.


Direção essa que, com toda a certeza, também precisa ser questionada porque se há uma incerteza aqui é a respeito da assinatura da diretora australiana nesse filme. Nós vemos um produto finalizado, mas não concluído pelas mãos de uma autora. E nem vou entrar na discussão que ele devesse ser um drama catártico a exemplo dos outros excelentes trabalhos da diretora.


Mas sabemos que a impressão dessa marca é possível. Ou seja, mesmo dentro de um sistema tão controlado como o da Marvel, alguns autores já conseguiram inserir marcas estilísticas do seu trabalho. James Gunn e Taika Waititi são dos melhores exemplos disso. Outros infelizmente não conseguem quebrar essa barreira e esse foi o caso de Shortland, infelizmente.


Não há nada no espírito da sua filmografia que nos remeta mais profundamente dentro da estória que esse longa solo sobre essa heroína nos remeta. O que fica em evidência é o projeto. Ou seja, um conjunto de obras construídas em regime industrial por roteiristas, produtores e acionistas que levam até o fim suas visões gourmetizadas do que seria uma experiência do cinema de aventura e ação contemporâneos.


Ao diretor, pouco parece sobrar. Isso é algo verdadeiramente problemático nesse regime de produção. Não sabemos direito aonde isso tudo vai dar, mas observando a lista de Homem-Aranha: Longe do Lar (2019) a Loki (2021), não há nada de novo aqui e isso é, de fato, uma pena.

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