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X - A Marca da Morte: uma positiva recusa do purismo conceitual

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 2 de jan. de 2023
  • 2 min de leitura

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Créditos: A24

Direção: Ti West. Roteiro: Ti West. Produção: Kevin Turen, Sam Levinson, Ti West. Montagem: Ti West, David Kashevaroff. Fotografia: Eliot Rockett. Design de Produção: Tom Hammock. Som: Graham Reznick. Música: Tyler Bates, Chelsea Wolfe. Efeitos Visuais: Frank Rueter.


Diferente de uma considerável parte das produções da A24, "X" recusa um certo purismo conceitual em favor do investimento numa narrativa mais direta no campo do terror.


Ciente das limitações que ele mesmo tem para a construção de situações mais complexas na dinâmica entre seus personagens, Ti West aposta no desenvolvimento linear dos eventos, ainda que a estrutura do filme em si parta de uma premissa sub-fragmentada considerando seu prólogo e as 24 horas que antecedem os eventos principais da estória.


Nisso, é coerente sua decisão por não inserir mais camadas na trama do que ela supunha comportar. E em se tratando disso, vale a pena um parêntese para pensarmos um pouco sobre a dramaturgia no horror contemporâneo.


De filmes como Pulse (2000), passando por Os Outros (2001), Babadook (2014) e Sombras da Vida (2017), notamos esse traço em comum na recusa por tramas que lidem com o horror de forma mais direta.


Esse ideal de subjetividade tem aberto janelas interpretativas que colocam em contraponto essa abordagem que não necessariamente busca o choque pelo grafismo na concepção de determinadas imagens que o gênero mobiliza.


Por outro lado, quando pensamos no Slasher ou no Giallo (terror italiano originário na década de 1960/1970), é justamente essa objetividade que opera em primeiro plano. Junto a isso, certas estruturas narrativas, figuras arquetipicas e temas em comum se retroalimentam nesse cinema que não se rende a uma banalização na condução da forma do filme ou dos seus temas elaborados.


É nesse lugar que o longa de West opera. Ao longo das suas 1 hora e quarenta minutos, a obra se apresenta como um terror clássico (com seus jovens intransigentes, a tensão sexual hiperdimensionada e as figuras da fantasmagoria fraturadas por algum trauma de um passado distante), mas não apresenta seus personagens e as situações em que eles se inserem de modo desatencioso.


Maior prova é o aparente cuidado que a realização tem em evidenciar a trama a partir de quatro grandes blocos estruturais. Do prólogo, da chegada na fazenda, da gravação do filme, e do incidente com os anfitriões, o filme se articula modulando até bem os limites entre a tensão de cada novo evento com a dinamicidade com que eles se alinham para o desenvolvimento da estória como um só bloco narrativo.


O medo e a luxúria formam esse tecido que não vai pretender lançar ao fim uma heroína ou herói sobrevivente de um evento traumático. O terror envolvendo tudo o que ocorre aqui se origina e se ramifica nessa América de desconstrução imaginária.


Não temos de torcer pra vida de nenhuma dessas figuras desgraçadas porque a existência delas em si sequer pede isso. Essa consciência é em verdade, sua maior força e distinção.

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