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A Hora do Mal: cuidado com a escuridão

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 19 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 21 de ago.

Crédito: IMDb
Crédito: IMDb

Direção: Zach Cregger. Roteiro: Zach Cregger. Direção de Fotografia: Larkin Seiple. Design de Produção: Tom HammockMúsica: Zach Cregger, Ryan Holladay, Hays Holladay. Montagem: Joe Murphy. Direção de Arte: Cameron Beasley. Som: James Peterson, Filipe Messeder. Maquiagem: Leo Satkovich


A gente sente, e entende, quando um filme é feito por uma realizadora(or) que ama cinema. É o caso totalmente aqui uma vez que Zach Cregger se utiliza muito bem do elemento do suspense ou desse índice de indeterminação de um único evento para moldar toda a narrativa.


Mas muito mais do que lidar com uma narrativa bem estruturada e bons personagens, ele faz um filme que se ancora em determinadas premissas e abre mão totalmente de outras que certamente minariam a obra de dentro para fora. Gosto muito do modo como ele organiza tudo a partir de um ideal de construção de planos.


Pode parecer uma obviedade falar da forma como um diretor organiza um trabalho a partir disso, mas, no atual contexto onde muitos títulos parecem sofrer com uma insuficiência máxima na construção de simples cenas que aliadas poderiam construir sequências minimamente orgânicas, ver um filme (em Hollywood) constituído desse padrão se torna uma exceção em meio a essas regras.


E aqui, essa economia é algo que está vinculado aos poucos planos que compõem uma cena, mas que se recompensam por meio de situações que vão se encaixando a partir da perspectiva de cada personagem e dos eventos que os direcionam, ou melhor, os atravessam no mistério envolvendo a trama como um todo.


Ver os personagens interagindo sem que isso tenha de ser feito por múltiplos planos é um alívio. Muitas cenas, por exemplo, se resolvem em uma única tomada. São dois personagens conversando em frente a uma construção imobiliária e pronto. Isso é a cena.


Todos os cortes se manifestam mais como recursos de aceleração da narrativa que não afetam o curso dos eventos ou o modo como, formalmente falando, eles são apresentados em tela. São elipses, cortes secos ou os próprios acontecimentos reordenados a partir da perspectiva de cada um dos nomes que titulam os capítulos.


Considerando isso, é ótimo entender logo de cara que o filme está interessado no estranhamento por trás na construção dessa atmosfera soturna do desaparecimento de um grupo de crianças na escuridão da noite, mas também do aspecto apavorante do que acontece durante o dia, seja na especialidade de uma residência ou num não lugar como uma loja de conveniência.


Tudo parte e é conduzido pelo elemento "humano", já que é cada uma das pessoas que vai orientando o curso das coisas e nos conduzem às pistas que nos ajudarão a entender o que estaria por trás do sumiço dos estudantes e das figuras que vemos ao longo da trama.


Há o índice do mal, mas ele não toma a narrativa de assalto como geralmente temos visto nos piores filmes do gênero nos últimos, de Longlegs (2024) a Traga Ela de Volta (2025).


A questão não é nem a frontalidade ou não com que essas obras aplicam quando falamos do terror, mas sim a falta de noção do trato do equilíbrio da dramaturgia e do modo como os eventos que a acompanham são expostos. Algo que Cregger provou saber fazer aqui.


Talvez não seja o caso de dizer o quanto o diretor teria, com isso, se "consagrado" no meio cinematográfico como ouvimos colegas dizendo por aí. Não é isso. Mas talvez nos sentirmos felizes por estarmos diante de um bom filme.


Vejam só, tamanha é a crise criativa do cinema mainstream estadunidense. Vamos ao cinema e o afago no coração diante do cinema parece ser uma experiência cada vez mais rara.


Algo que não parece se aplicar à assinatura de Cregger e a outras obras como A Primeira Profecia (2024), Sorria (2023) ou Red Rooms (2023), por exemplo.


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