Direção: Michael Mann. Roteiro: Troy Kennedy Martin, Brock Yates. Montagem: Pietro Scalia Direção de Fotografia: Erik Messerschmidt. Produção: Michael Mann, Lars Sylvest. Som: Tony Lamberti. Direção de Arte: Esther Schreiner.
A biografia é uma importante parte na experiência da cinematografia norteamericana. Nas últimas décadas, principalmente, são diversos os filmes que colocam as narrativas de figuras históricas ou mesmo de anônimos cujas estórias foram reimaginadas, em primeiro plano.
Gosto bastante como Michael Mann reconstitui a historicidade em Inimigos Públicos (2008), mas isso é algo que o diretor não consegue repetir nesse biópico esportivo, por exemplo.
Talvez porque falte nesse exercÃcio uma elaboração maior entre algum sentido em torno do que o mundo do esporte possa relacionar em um diálogo com aquilo o que os personagens centrais poderiam vir a ser.
A ideia da morte talvez seja, a exemplo de outros grandes filmes de Michael Mann, um dos pontos centrais da narrativa aqui, mas nunca se encaixa em uma estrutura de unidade na sua dinâmica com outros elementos temáticos, como por exemplo, a vida pessoal do protagonista em si.
Porque, ainda que a finitude da vida opere morte enquanto um elemento de construção e costura entre as situações e essas figuras, essa perecividade da vivência nunca parece romper o fio da mera reinterpretação do que Enzo, sua famÃlia e colegas de trabalho vêm a significar.
Em alguns momentos, a própria caracterização de certos personagens são ultra dramatizada, a exemplo da pessoa de Laura (Penélope Cruz).
É como se a performance da atriz revelasse por si mesma esse descompasso entre a reconstituição da trajetória dessas pessoas e a verve caricaturada dessa encenação. É um desequilÃbrio que contamina o filme inevitavelmente. Não a ponto de desmantelar todo o seu processo, mas como um reflexo da exposição dessas fragilidades estético-conceituais que o filme carrega.