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John Wick: o caráter diretivo do filme de ação contemporâneo

  • Foto do escritor: danielsa510
    danielsa510
  • 31 de jan. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 22 de fev. de 2023


Direção: Chad Stahelski. Roteiro: Derek Kolstad. Produção: Keanu Reeves, Chad Stahelski Montagem: Elísabet Ronaldsdóttir. Fotografia: Jonathan Sela. Direção de Arte: . Música: Tyler Bates, Joel J. Richard. Som: Mark P. Stoeckinger.


É um filme de ação direta. Interessante que quando olhamos pelo retrovisor daquela primeira metade da segunda década dos anos 2000, poucas obras pareciam dispostas a adotar esse posicionamento menos cheio de rodeios.


A trama é simples e ainda que lide diretamente com parte da mitologia daquilo o que configura grande parte dos filmes do gênero em distintas épocas: a vingança e o trauma que motiva o protagonista, o longa não é simplista. É dessa abordagem que Stahelski estrutura a obra.


No fundo, não importa tanto o que leva Jonh à voltar na sua cruzada contra as dezenas de capangas desses chefes do crime, crias do Continental enquanto esse lugar "sacro" na natureza errática dos homens que o frequentam. Essa construção de universo e da ambiência que recobre a estória talvez seja o ponto mais distinto do filme.


Porque não é como se esses matadores de elite existissem a despeito do que ocorre no mundo que os envolve. Eles só existem naquela realidade. Claro que não consideramos isso quando falamos nos termos da construção das arquetipias em si. Mas das figuras pensadas por Stahelski e Derek Kolstad e das situações por que eles passam.


Eles se modulam bem a tudo isso e não soam como os assassinos de uma franquia como a de Bourne ou Ryan, por exemplo. Tudo aqui soa meio "falso" entre os muros da lógica que une esses sociopatas. Mas não em um sentido negativo. Esse ar de deboche com que certas situações são encenadas ajuda a instituir exatamente essa atmosfera de distinção comentada anteriormente.


É a partir disso que o filme não se perde no oceano de outras obras que o cinema de ação dá a ver. Nessa soma, o elemento da luta em si emerge como o ponto de distinção prática desse cinema que celebra sobretudo a prática da arte marcial e seu caráter "farsesco" exortado pelo gênero.


Por isso talvez não consigamos (ou devamos) entender ou ler essa suposta seriedade dramática como um fim. A donzela morta enquanto detonador da vingança do amado não me parece algo que deva ser considerada (é um cliché ).


Quando nossa atenção se direciona para esses pontos da superfície (a morte do cão ou as lutas hipercoreografadas), temos linhas que instigam mais engajamento espectatorial. Aí sim temos um meio que conduz o filme em forma e sentido de modo finalistícos.


Não importa o drama, mas sem dúvidas esse é o capítulo que mais parece querer explorar isso até perceber que talvez esse não seja um gancho que valha à estória. Difícil fazer qualquer análise sem apontarmos para frente porque os Wicks subsequentes são mais que sequências de um projeto também comercial.


Ou seja, eles partem dessa mitologia desse primeiro longa, mas entendem o universo não emulando tópicos desse filme inicial. Não há contextos de vingança, donzelas a serem vingadas ou pretextos melodramáticos em primeiro plano. Por isso mesmo que eles funcionam bem mais.

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