Missão: Impossível - Efeito Fallout (2018)
- danielsa510
- 12 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de jul. de 2023

Direção: Christopher McQuarrie. Roteiro: Christopher McQuarrie, Drew Pearce. Produção: Tom Cruise, J.J. Abrams, Christopher McQuarrie. Montagem: Eddie Hamilton. Fotografia: Rob Hardy, Hugues Espinasse. Som: James Mather. Música: Lorne Balfe. Efeitos Visuais: Jody Johnson.
O aperfeiçoamento da dinâmica dos eventos e no modo como os personagens lidam com os efeitos dessa construção são os melhores índices do filme. Mais do que propor um trabalho do gênero ação pautado somente por uma lógica mecanicizada, burocrática, McQuarrie opera uma estrutura dinâmica, onde a cada terço narrativo, um novo acesso dessa estrutura faz-se possível.
Interessante como o próprio alívio comigo não deixa de estar operando a favor dessa proposta mais sóbria da trama. O início da primeira sequência trata muito bem isso. Porque ainda que entendamos haver uma tensão iminente em torno desse acordo que os agentes da IMF estão a fazer com terroristas internacionais, a leveza de tudo aquilo subexiste.
Essa comicidade, no entanto, jamais soa desproporcional ou idiotizante, a exemplo do que geralmente ocorre em trabalhos da Marvel Studios ou de outras séries cinematográficas, como Velozes e Furiosos (2001 - 2023).
Claro que isso não é o foco do diretor, mas é curioso percebermos o quanto um aspecto, aparentemente irrelevante como esse, nos ajuda a entender um pouco melhor - se atento a isso estivermos - sobre como o filme de ação contemporâneo pode funcionar muito bem.

Não é que Fallout seja um trabalho sisudo ou hipercomplexo. Mas ele consegue alinhar certas propostas em favor daquilo o que ele pode ser, para além do que o gênero dá a ver. Existe uma tensão aqui operacionalizada escalonadamente. Algo que ocorre não somente nesse capítulo em específico, mas que foi gestada desde "Nação Secreta" (2015), de certa forma.
A natureza da vilania de Layne carrega uma responsabilidade nisso por ser esse elemento que impõe ao personagem de Ethan (Tom Cruise) ter de ir sempre um pouco a frente.
E isso ocorre tanto na lógica diegética da narrativa, já que o herói tem de ir cada vez um pouco além dos seus limites para resolver os problemas a ele impostos, quanto no nível do longa-metragem enquanto produto técnico mesmo, e nesse sentido, situações em si "não se repetem". Elas vão se encaixando em proporção e por isso o todo da obra tem esse tom hiper coeso.
Essa é uma questão, a propósito, que não precisa se relacionar ao tempo da metragem. Muitos são os filmes de 80 a 90 minutos excelentes, o que provam que suas forças não emergem do seu tamanho cronológico, mas tão somente do modo como seus elementos fílmicos são operacionalizados (no nível do estilo e no modo como as técnicas do trabalho artístico são colocados em ação).
Partindo disso e se propondo ir até um pouco além, é que McQuarrie parece içar "Acerto de Contas Parte Um" (2023). Uma decisão aparentemente tomada a partir dessa superação da ideia de Layne e num movimento de retorno às consequências que o heroísmo pode requerer na contemporaneidade.
Ir até as últimas bases da sua força é o que esse antagonismo dessa fase de Missão: Impossível parece situar
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