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Piscina Infinita: o encontro com nossas criaturas interiores

Crédito: Elevation Pictures

Direção: Brandon Cronenberg. Roteiro: Brandon Cronenberg. Montagem: James Vandewater. Direção de Fotografia: Karim Hussain. Produção:Hengameh Panahi, Alexander Skarsgård. Som: Efeitos Visuais: Andy Robinson. Música: Tim Hecker


Infinity Pool (2023) até começa como um filme de terror de carga bem naturalista e logo vai se modulando dentro de uma premissa sci-fi. Essa é uma transição que acompanha mais os eventos ocorridos e empenhados pelos próprios personagens do que pela conceituação da estória em si. 


Se em Possessor (2020), os espaços e o design de produção estruturavam muito fortemente o filme como um todo, aqui Brandon Cronenberg opta por mesclar os gatilhos da dramaturgia com as dobras que os acontecimentos sugerem naquele universo. 


Curioso que se no seu segundo filme ele não dispunha de atores em ascensão ou de maior conhecimento do público, aqui ele conta com isso mas o efeito não parece tão preciso quanto naquele projeto antecessor. O que nos leva a inferir que, na presença de um corpo dramatúrgico mais "selecionado", a estória perde um pouco de volume em detrimento daquilo o que o ator coloca em cena. 


Porque quando colocamos Tasya Vos e James lado a lado, a espiã soa muito mais forte dentro do contexto que a narrativa estabelecia. Nesse mais recente trabalho, muito fica a cargo da atuação de Skarsgard e Goth. O tema e a especialidade do universo da estória acabam se tornando uma consequência daquilo o que ocorre a essas figuras. 


O que acaba parecendo muito pouco para a decisão de um realizador como um potencial criador de versões do mundo como o conhecemos. Nesse caso, La Tolqua encarna muito bem essa premissa dessa centralidade que a espacialidade poderia ter assumido no filme, caso Cronenberg assim a tivesse idealizado. 


Crédito: Elevation Pictures

Por isso que a sua primeira parte soe tão mais imersiva do que todo o restante. A ideia desse clones feitos em linha quase industrial encarna bem a proposta do estranhamento que a ficção-científica de horror cinema contemporâneo pode se valer. O problema é que esse aspecto acaba se tornando não um elemento de salto para uma radicalização do que a trama poderia dar a ver. 


E sim, apenas uma sucessão de capítulos de estranhamento que conduz o grupo hedonista do qual James passa a fazer parte. Esse homem se radicaliza junto com as ações por esses turistas assumidas. 


A cada nova tarefa, o protagonista vai ao encontro desse outro que a sua natureza parece estar predestinada a ser. Uma mudança que presume esse cuidado do autor com a sua criação, mas que em termos absolutos, soa no fim menos potente do que a ambiência daquele segundo filme de Cronenberg.

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