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Segredos de um Escândalo: a reversividade lógica do melodrama contemporâneo


Crédito: Film Affinity

Direção: Todd Haynes. Roteiro: Alex Mechanik, Samy Burch. Montagem: Affonso Gonçalves, Chris Tenzis Direção de Fotografia: Christopher Blauvelt. Produção: Natalie Portman. Som: Leslie Shatz. Direção de Arte: Eric Dean. Música: Marcelo Zarvos.


Segredos de um Escândalo é um filme bem pouco preocupado com a construção de um sentido correlacionado à alguma "significação" realista daquilo o que uma narrativa dramática, via de regra, vem a ser. Gosto bastante como Todd Haynes trabalha uma ideia de suspense descarregado, no sentido de não estar irredutivelmente buscando uma grande sequência final de impacto junto ao espectador.


A impressão que ficamos, na verdade, é que ele até acaba construindo uma lógica reversa de tom para a obra na sua totalidade. Como se a conclusão do trabalho em si, tivesse uma atmosfera diferente daquela percebida no seu início.


A trama é apresentada sob um signo de uma arquitetura de aparência e verdades ocultas e aos poucos vai se reensinuando, se realimentando de uma atmosfera de mistério sobre as totais escalas e versões do caso envolvendo Gracie e sua família. Interessante pensarmos aqui sobre o melodrama considerando seu título em si.


No Português, o péssimo "Segredos de um Escândalo", até nos dá algumas pistas sobre a narrativa em si, mas não nos fornecem todas as pistas, o que é bom. Há o segredo e um escândalo, mas esse caso em constrangimento não passa pelo julgo da sociedade em linhas gerais.


A comunidade em volta de Gracie entende tudo o que o passado dessa mulher diz das escolhas dela, mas esse corpo coletivo nunca chega a oprimir a personagem pelo escândalo que a envolve. E sabemos que na estrutura clássica do melodrama como gênero, os protagonistas, geralmente, são as figuras que têm de superar todas as dificuldades a sua frente para vencer só fim da estória.


Aqui, a sociedade até acolhe Gracie por uma espécie de "pena" pelo o que essa mulher é, foi, passa ou passou. O que fala bastante sobre como Haynes se empatiza com essa figura. Ou seja, sua desgraça não é ser uma" figura não grata", mas residir na fragilidade em meio a um tecido social indiferente a isso tudo.


E ainda que o apelo ao sentimentalismo seja também uma forte via de expressão melodramática, o filme se vale dessa ficha em situações distintas e a partir de diferentes variações tonais igualmente. Não é como se o peso da narrativa só sobrecaisse em cima da protagonista. A carga se ramifica de acordo com as percepções e sentidos evocados no círculo central formado por Elizabeth e Joe.


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